Trabalhadores da Scopus se tornam bancários do Bradesco
Quatrocentos trabalhadores da empresa Scopus, que presta serviços de tecnologia para o Bradesco, foram internalizados (contratados) pelo banco. Com a mudança, os agora bancários passarão a ganhar os reajustes nas cláusulas econômicas obtidos nas campanhas nacionais e a usufruir de todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Dentre eles, PLR, cesta-alimentação no valor de R$ 609,88, vale-refeição de R$ 35,18 por dia, licença-maternidade de seis meses, licença-paternidade de 20 dias, folga assiduidade, auxílio-creche, dentre outros.
Do total dos empregados envolvidos na mudança, 364 estão lotados na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Destes, 311 ficarão em um polo de tecnologia em Mutinga (bairro localizado na zona noroeste de São Paulo) e 53 ficarão sediados na Cidade de Deus (matriz do Bradesco, em Osasco).
“Para nós é uma grande conquista, pois a luta para incorporar trabalhadores de outros setores ligados ao banco à nossa Convenção Coletiva é uma luta do Sindicato e resulta na melhoria efetiva da qualidade de vida, salários e saúde desses empregados”, comemora Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato.
Outras conquistas
O Sindicato luta há décadas pela incorporação dos trabalhadores do ramo financeiro na mesma categoria para que todos possam usufruir dos direitos da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários, uma das mais fortes do Brasil e da América Latina e contra a terceirização.
Contra a terceirização
A entidade promoveu campanha intensa junto aos bancários e à população contra a terceirização e denunciou os parlamentares que votaram contra os trabalhadores porque entende que esse tipo de contrato de trabalho significa precarização do emprego e da relação patrão/empregado.
“Por isso pressionamos os bancos para que internalizem todos os trabalhadores a fim de protegê-los sob a mesma convenção coletiva de trabalho dos bancários, como aconteceu com os trabalhadores da Scopus. Não é uma luta fácil, mas seguiremos travando”, afirma Neiva.
A mobilização e organização sindical da categoria bancária já resultou na incorporação de muitos terceirizados.
Terceirização é precarização
De dez acidentes de trabalho no Brasil, oito, em média, ocorrem com funcionários terceirizados, de acordo com levantamento da CUT, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O estudo também aponta a precariedade do emprego terceirizado: os trabalhadores terceirizados ganham em média 25% menos do que os empregados diretos – e no setor bancário chega a ser 70% menos –; têm jornadas maiores (trabalham em média 3 horas a mais por semana) e ficam menos tempo em cada emprego (em geral saem antes de completar três anos, enquanto que a média de permanência do funcionário direto é de 5,8 anos).
Ataques da Justiça e do Congresso Nacional
Entretanto, em 2016, a Câmara dos Deputados aprovou a legalização da terceirização de todas as atividades profissionais. Em novembro de 2017, entrou em vigor a nova lei trabalhista idealizada no governo Temer e encomendada pelo setor patronal que também prevê a terceirização irrestrita.
Por fim, em agosto do ano passado, ao julgar duas ações que tratam da terceirização, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a prática sem restrições, conforme o interesse das empresas. O entendimento enterrou de vez a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que vedava a prática em atividades-fim das empresas e era o único instrumento para barrar uma terceirização desenfreada no país.
“Todos esses ataques contra os direitos dos trabalhadores mostram o partidarismo da Justiça em favor do capital e o domínio do empresariado nas esferas políticas. Além disso, reforçam a importância de conhecer e votar em candidatos comprometidos com os interesses dos trabalhadores, nas eleições. Também evidenciam a importância de se sindicalizar e fortalecer o movimento sindical, crítico inflexível da terceirização”, afirma Neiva.
Luta continua
O Sindicato segue lutando para organizar os trabalhadores e incluir os hoje terceirizados na categoria e na convenção coletiva, em face da nova lei trabalhista que anulou vários direitos, mas também aprovou o negociado sobre o legislado.
“Seguiremos lutando para defender os nossos direitos. Os trabalhadores estão sendo muito atacados desde que o governo Temer tomou o poder, mas temos chance de virar o jogo. Para isso precisamos estar mobilizados, organizados e compreender quem são nossos adversários”, alerta Neiva.