Taxa de subutilização bate recorde e atinge 28,5 milhões de brasileiros
No trimestre encerrado em maio, o Brasil registrou recorde de trabalhadores e trabalhadoras subutilizados, que trabalham menos de 40 horas ou fazem bicos para sobreviver, e também de desalentados, aqueles que cansaram de procurar emprego sem conseguir recolocação no mercado de trabalho. A taxa de desemprego ficou estável, mas essa também não é uma boa notícia. O que contribuiu para a estabilidade foi o aumento da informalidade.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desemprego no Brasil atingiu 13 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no trimestre encerrado em maio. Mas, a taxa (12,3%) ficou estável em relação ao trimestre de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019 (12,4%) e caiu na comparação com o mesmo trimestre de 2018 (12,7%), em consequência do aumento do trabalho informal, segundo o IBGE.
Bicos
O número de trabalhadores por conta própria, que faz bicos para sobreviver ou abre pequenos negócios, atingiu 24 milhões de brasileiros.
Mais uma vez, o total do que alguns chamam de empreendedores bateu o recorde da série histórica e subiu nas duas comparações: 1,4% (mais 322 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 5,1% (mais 1.170 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2018.
“O trabalho por conta própria está sendo usado nas diversas atividades. A indústria, por exemplo, tem uma população ocupada de cerca de 12 milhões de pessoas, sendo que quase 2 milhões estão na indústria têxtil e de confecção, cuja maioria é de costureira que trabalha por conta própria”, destacou a pesquisadora da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
Subutilização bate recorde
A taxa de subutilização da força de trabalho (25%), que atinge 28,5 milhões de brasileiros, é recorde da série histórica iniciada em 2012 e registrou alta em comparação ao trimestre anterior (24,6%) e ao trimestre móvel de 2018 (24,6%).
Se comparado ao mesmo trimestre de 2018, o contingente de subutilizados aumentou 4,7%, o que significa que mais 374 mil trabalhadores estão na categoria subutilizados.
A subutilização da força de trabalho é formada pelo total de desempregados (13 milhões), subocupados, que são as pessoas que gostariam e poderiam trabalhar mais horas e não conseguem (7,2 milhões), e a força de trabalho potencial (8,3 milhões).
Desalento é outro recorde negativo
O número de trabalhadores e trabalhadoras desalentados, pessoas que procuram emprego durante muito tempo, não conseguiram e desistiram atingiu 4,9 milhões de brasileiros e também bateu recorde da série histórica e ficou estável em ambas as comparações.
Queda nos rendimentos
Outro resultado negativo para a classe trabalhadora apontado pela pesquisa foi a redução do rendimento médio do trabalhador, que ficou em R$ 2.289, o que representa uma queda de 1,5% na comparação com o trimestre anterior e estabilidade em relação ao mesmo período do ano passado.