Sindicato protesta na Bráulio Gomes contra demissões no Santander
Mais uma vez, o Sindicato dos Bancários de São Paulo foi às ruas protestar contra as demissões promovidas pelo banco em plena pandemia; contra a terceirização do call center; e contra a imposição de acordo de home office prejudicial aos funcionários. Diante de bancários, clientes e da população em geral, os dirigentes cobraram mais uma vez que o Santander discuta esses problemas em mesa de negociação. Desta vez, o ato foi em frente ao prédio da Rua Bráulio Gomes, no movimentado centro de São Paulo, onde trabalham cerca de 300 funcionários de diversas áreas de atendimento, oriundos do Vila São Paulo (antigo Vila Santander). O Sindicato já realizou outros protestos: na Torre (matriz do banco) e na Geração Digital 1.
O diretor do Sindicato Antônio Bugiga, bancário do Santander, destacou que, ao demitir milhares de trabalhadores, o Santander está desrespeitando compromisso assumido publicamente de não desligar funcionários durante a pandemia. “Demitir pais e mães de família nessa crise sanitária e econômica pela qual estamos passando é inaceitável. São trabalhadores que contribuíram por anos para o lucro do banco, e estão sendo mandados embora nesse momento crítico que estamos vivendo. Muitos deles, que estão em home office, são demitidos até por telefone, num total desrespeito com essas pessoas que se dedicaram para que o banco tenha, no Brasil, a maior fatia de seu lucro mundial”, denunciou o dirigente, em frente à Bráulio Gomes.
Mesmo na pandemia, o Santander Brasil está lucrando alto: R$ 5,989 bilhões no primeiro semestre do ano, mas seria ainda maior (R$ 7,749 bi) se o banco não tivesse aumentado consideravelmente sua provisão para devedores duvidosos (PDD), medida tomada diante da crise econômica agravada pela pandemia. E o Brasil não só continua liderando o lucro do banco espanhol no mundo, como aumentou esse percentual: é responsável por 32% do resultado global do grupo.
“Não tem um dia sequer em que o Sindicato não receba uma denúncia de demissão, vinda de um trabalhador ou trabalhadora desesperada por ter perdido seu emprego nessa conjuntura de crise econômica. E nem motivo dão a esse trabalhador, até porque não há motivo. O banco continua lucrando e não tem nenhum justificativa para demissões”, reforça Bugiga.
Terceirização do call center
Além de demitir, o Santander anunciou que vai terceirizar suas atividades de call center, transferindo esse serviço para uma unidade em Novo Hamburgo (RS). “Parte das atividades do Vila São Paulo serão executadas por trabalhadores terceizados, que ganham muito menos que bancários e não usufruem dos direitos da nossa CCT, conquistados em décadas de luta e organização. Trabalhadores que não têm um sindicato forte que possa representá-los, e que farão o mesmo trabalho de um bancário, por muito menos. É assim que o grupo Santander retribui o Brasil por sua maior fatia de lucro? Cadê a responsabilidade social, Santander?”, questionou o dirigente.
Acordo unilateral de home office
Outra crítica feita ao banco, em alto e bom som, na calçada da Rua Bráulio Gomes, foi sobre o acordo de home office que o Santander está impondo aos trabalhadores, sem qualquer negociação com o Sindicato. As cláusulas determinam que os trabalhadores irão arcar com todos os custos dos equipamentos de trabalho, e além disso, serão responsabilizados pelos riscos à saúde.
“Mais um absurdo desse banco que lucrou R$ 14 bilhões em 2019. O trabalhador, que já é explorado pelo Santander, ainda terá de arcar com os custos do home office: luz, água, internet... Na Campanha dos Bancários deste ano reivindicamos que os bancos negociassem acordos de home office com o movimento sindical, mas o Santander, que no Brasil adota práticas cruéis de gestão, quer impor um acordo abusivo, que prejudica seus funcionários”, diz o dirigente.
“Vamos continuar nas calçadas, gritando contra essa postura do banco, até que pelo menos o Santander nos chame para negociar essas medidas adotadas sem qualquer respeito com o bancário”, avisa Antonio Bugiga.