Santander amplia horário de agência Torre na pandemia
O banco Santander deu mais um exemplo de desrespeito aos funcionários. Descumprindo recomendação da própria Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que orientou as instituições financeiras a adotarem atendimento ao público em horário reduzido – das 9h às 14h, sendo das 9h às 10h para idosos e grupos de risco –; e sem qualquer negociação com os trabalhadores por meio do Sindicato dos Bancários de São Paulo, o Santander ampliou o horário de atendimento ao público da agência da Torre: desde o dia 30 de setembro, a unidade está funcionando das 8h às 18h.
“É um absurdo. Um verdadeiro desrespeito com a saúde e a vida dos trabalhadores e seus familiares. A própria Febraban orientou que os bancos atendessem em horário reduzido para resguardar bancários e clientes e diminuir o risco de contágio pelo coronavírus. E o Santander resolve ampliar o horário de atendimento, em meio a uma pandemia que já fez 36 mil mortos no estado de São Paulo e 150 mil no país. O grupo Santander não faz isso na Espanha, mas faz no Brasil. Santander, respeite o Brasil e os brasileiros”, critica o diretor do Sindicato Wellington Prado, bancário do Santander.
Wellington lembra que, em julho, o Santander já havia ampliado o horário de atendimento de todas as suas agências, para 9h às 15h. “O banco já havia desrespeitado o acordo entre o movimento sindical bancário e a Fenaban, assumido no Comitê de Crise, que foi criado justamente para discutir medidas de proteção aos trabalhadores do setor bancário durante a pandemia. Agora resolve ampliar mais ainda o horário de uma agência que atende o prédio onde fica a sede da empresa e onde trabalham mais de 5 mil pessoas, além dos clientes e usuários dos arredores. Ou seja, uma atitude inconsequente e irresponsável do Santander”, reforça.
O dirigente destaca que, além de por em risco a vida de funcionários e clientes, a ampliação do atendimento sobrecarrega ainda mais os bancários, já assoberbados com as tarefas do dia a dia e com as metas que o banco continua cobrando, mesmo na crise causada pela pandemia.
“Muitos estão afastados por serem do grupo de risco, com isso há menos gente para atender o público. Os que estão nas agências já estão sobrecarregados, estressados e com medo de serem demitidos, já que o Santander desrespeitou mais um compromisso e está demitindo na pandemia. É sufocante abrir das 8h às 18h, e com isso as tarefas internas e burocráticas da agência têm de ser realizadas junto com o atendimento ao público. É uma ampliação desnecessária e piora ainda mais a rotina do trabalhadores lotados na unidade.”
A resposta do banco
Em resposta a e-mail enviado pelo Sindicato, no início de outubro, o Santander negou que a ampliação da unidade causará prejuízos aos funcionários. Segundo o banco, o GG (gerente-geral) dará suporte de atendimento ao cliente às 8h, caso o bancário ainda esteja ligando sua estação de trabalho.
O banco respondeu ainda que os funcionários estão questionando de forma “precipitada e antecipada”. Garantiu que conversou com o GG da agência para que não haja acúmulos de processos ou horas extras, e que o GG se comprometeu a evitar ambos. Informou também que os caixas não terão alterações de horário, ou seja, que seguirão o mesmo horário padrão. E por fim, disse que a consultora de RH acompanhará o funcionamento da unidade por um período de 3 meses, para verificar e garantir que as rotinas não sofrerão alterações pois, segundo o banco, houve também compromisso do GG de que não haveria alterações.
O Sindicato questionou se a ampliação de horário ocorrerá em mais alguma agência de São Paulo ou do país, ou se é alguma modalidade piloto para expansão. O Santander respondeu que não, e que essa mudança se deu exclusivamente na agência da sede da instituição e por decisão do Comitê do Banco. E afirmou que não voltará atrás na medida.
“Nós, do Sindicato, reforçamos que a preocupação dos trabalhadores não é 'precipitada', e é perfeitamente compreensível neste momento de pandemia, em que o contato social deve ser evitado ao máximo. Reforçamos ainda, mesmo com as medidas que o banco diz estar tomando, somos contrários à ampliação da unidade, realizada sem qualquer diálogo com os trabalhadores ou com o Sindicato. E continuaremos cobrando que o banco abra um canal de negociação para que possamos discutir a questão e defender a volta do horário das 9h às 15h. Reafirmamos que a atitude do banco foi em prol do lucro e não da vida”, critica Wellington.