Quer valorizar funcionário, BB? Apresente proposta decente!

Em plena Campanha Nacional e dias após a apresentação de uma proposta incompleta e insuficiente do banco, a direção do BB anunciou “com exclusividade” para a imprensa hegemônica que todos os seus 98 mil funcionários também serão acionistas da empresa.


A notícia já era de conhecimento dos bancários do BB desde o fim de julho, quando o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli disse, em vídeo no canal interno, que “em breve todos os funcionários do banco podem ser acionistas da nossa empresa”. Naquela ocasião, ele também falava em “sentimento de pertencimento, sentimento de dono”, alegando que isso “é muito importante para os dias de hoje, principalmente por conta da característica da nossa empresa”. E finalizou lembrando que “podemos ter aqui funcionários engajados, associados, acionistas naquilo que fazem no dia a dia”.

Nesta quinta-feira 9, em entrevista ao site da Você S/A, do Grupo Abril, Cafarelli anunciou que todos os funcionários hoje ganharam três ações do BB (a iniciativa faz parte de um “plano de incentivo” que representa mais de R$ 9,6 milhões em ações), que não podem ser vendidas até que o trabalhador se aposente ou saia do banco. Além disso, ainda anunciou que a participação dos funcionários na “sociedade” pode aumentar ao longo dos anos, com recebimento de parte do bônus semestral em ações.

Ernesto Izumi, diretor executivo do Sindicato e bancário do Banco do Brasil, destacda que “muito antes dessa medida, os funcionários do BB sempre se sentiam responsáveis pela empresa”. “Os trabalhadores, ao longo de todos estes anos, lutam por um BB forte, defendem a empresa contra a privatização, o banco como indutor de crédito para desenvolvimento do país”, acrescenta.

O dirigente lembra que no dia a dia dos postos de trabalho, diante de um cenário de desmonte, os bancários do BB continuam cumprindo seu papel, mesmo sem condições de atendimento, filas intermináveis, falta de funcionários e de concurso público, metas abusivas e assédio moral.

“Dizer para a população que ‘todo empregado também é dono da empresa’ é uma falácia, uma tentativa de transferir para o funcionário a responsabilidade pelos erros na gestão, que são da direção do banco. Além disso, é uma provocação em plena Campanha Nacional dos Bancários”, finaliza Ernesto.