Pressão faz Caixa recuar da abertura de capital da Caixa Seguridade
A Caixa anunciou nesta quinta-feira 24, em Fato Relevante, a suspensão do processo de IPO (oferta pública inicial de ações) da Caixa Seguridade. O pedido de suspensão da análise da documentação foi feito à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) com a justificativa de que seria “em razão da atual conjuntura do mercado”.
A oferta pública inicial do braço de seguros do banco foi retomada em agosto deste ano, depois de uma suspensão, em março, justificada pela instabilidade das bolsas de valores e fuga dos investidores, provocadas pela pandemia.
“A mobilização dos empregados e da sociedade, coordenada pelas entidades representativas dos trabalhadores, tiveram ação fundamental neste processo, já que o cenário econômico continua desfavorável e não foi alterado desde o anúncio da retomada do processo”, afirma Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“Também contribuiu para a luta em defesa da Caixa e contra sua venda em fatias o fato de podermos contar com Rita Serrano, uma representante dos trabalhadores no Conselho de Administração comprometida com a manutenção da Caixa 100% Pública e com a defesa dos direitos e interesses dos empregados”, ressalta Leonardo Quadros, dirigente da Apcef/SP.
“Isso nos dá fôlego para continuarmos na luta contra a privatização da Caixa e aprofundarmos os diálogos com os empregados e a população sobre a perversidade que a MP 995 representa para Brasil”, acrescenta o dirigente.
A abertura de capital da Caixa Seguridade significaria o primeiro grande passo da privatização da Caixa. Desde que o governo Bolsonaro publicou a Medida Provisório 995, em 7 de agosto, que autoriza a Caixa a criar e vender subsidiárias, as entidades que representam os empregados do banco público intensificaram a luta para barrar a privatização.
A mobilização é para impedir que a Caixa Seguridade seja privatizada, assim como a área de cartões, a administração de ativo de terceiros e as loterias.
A suspensão do IPO da Caixa Seguridade significa que as entidades e os parlamentares ganharam tempo para derrotar a Medida Provisória 995. A MP vence em 6/10, podendo ser revalidada por mais 60 dias, perdendo a validade em 5/12 caso não seja aprovada no Congresso.
“Se a própria Caixa recuou, é uma demonstração do absurdo e do crime lesa-pátria que seria vender a Caixa Seguridade”, avaliou a deputada Erika Kokay (PT/DF).
“O governo recuou frente à pressão do movimento que a Fenae tem capitaneado. E a mobilização tende a crescer na medida em que o conjunto de parlamentares entende que a MP é para privatizar a própria Caixa, sem passar pela avaliação do Congresso”, completou.