No caminho para a privatização, Caixa anuncia IPOs de unidades em 2020
O processo de privatização da Caixa Econômica Federal está a todo vapor. Depois de vender a empresa pública de Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex) por preço de banana, agora será a vez de abrir ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) de suas subsidiárias a partir do início do ano que vem, segundo informou o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, na quarta-feira (23).
Segundo a imprensa, a primeira abertura de capital será a da Caixa Seguridade. O executivo acrescentou que o desejo é fazer a operação ainda no primeiro trimestre de 2020. Guimarães afirmou ainda que a Caixa pretende realizar o IPO de sua área de cartões e mais à frente da Caixa Loterias e da gestora de ativos.
“É um claro processo de enfraquecimento do banco, para depois poder vendê-lo ao mercado. Essa prática foi muito usada nos anos de 1990, nas privatizações de diversas empresas públicas. Nós não podemos aceitar isso. A Caixa é do povo e tem que continuar 100% Pública”, afirmou Sérgio Takemoto, secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e empregado do banco. “Não dá para entender os motivos que leve o governo federal a vender uma empresa com lucros tão altos. Pior isso, para evitar que este desmonte aconteça, os empregados e toda a população devem aderir à campanha nacional #aCaixaétodasua, lançada no último domingo”, completou.
Guimarães também reafirmou que há discussões no governo sobre mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida para o ano de 2020. Sem dar mais detalhes, o presidente da Caixa colocou em dúvida a necessidade da manutenção da faixa 3 do programa habitacional, voltada a famílias com renda bruta mensal de até R$ 7 mil.
“A Caixa é o banco da cidadania, da distribuição de renda e da inclusão social. É por meio de suas mais diversas áreas estratégicas que o banco financia menores taxas para a compra da casa própria, a operação de toda a área social, como benefícios ao trabalhador, acesso a produtos e serviços por meio da bancarização, o Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), por exemplo. São essas áreas também que financiam o Minha Casa, Minha Vida, o maior programa habitacional do Brasil, para a população de baixa renda. Desde 2009, foram mais de quatro milhões de unidades habitacionais, um investimento de R$ 105 bilhões, beneficiando 16 milhões de pessoas. Mais do que reduzir o déficit habitacional, o programa ainda contribui para a geração de empregos, foram 1,2 milhões em 10 anos de programa”, explicou Takemoto, ao lembrar que a Caixa está em mais de 5.400 cidades brasileiras e tem que aumentar essa presença junto à população e não diminuir.