Mulheres negras ainda encontram barreiras no mercado de trabalho
Dias antes de iniciar o mês de novembro, quando se celebra o Dia da Consciência Negra, uma pesquisa realizada pela Triwi, empresa de consultoria em marketing digital, comprovou o que é pauta há anos no Sindicato: embora tenha crescido os debates em torno das questões raciais, os negros, principalmente as mulheres, ainda enfrentam muitas barreiras no mercado de trabalho.
Segundo a pesquisa, 24% das empresas que eles entrevistaram não têm mulheres negras no quadro de funcionários - cerca de 1 em cada 4. E quase 70% não contam com colaboradoras com alguma deficiência física.
Ainda segundo o levantamento, 27,4% das empresas entrevistadas contam com mais de 51% do quadro de funcionários representado por mulheres e 53,2% das empresas contam com até 30%. Em relação ao percentual de mulheres negras, a pesquisa aponta que 46,8% das empresas entrevistadas contam com até 10% do quadro de funcionárias representado por mulheres negras, e apenas 3,2% contam com mais de 51% de funcionárias negras.
"A reflexão que me vem ao observar esses dados é que o racismo é uma das pontas do iceberg, e que é cada vez mais urgente compreender e debater sobre o racismo institucional. Esses números são a plena demonstração de como as instituições tratam as mulheres negras, que sofrem o preconceito racial e de gênero, orientação sexual, deficiência, religiosa, entre outros", comenta Fábio Rogerio Pereira, coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato.
"No mercado de trabalho os efeitos do racismo estrutural são evidentes, a cultura do branqueamento é predominante e quanto mais retinta for a pele da mulher negra, quanto mais preta ela for, mais distante estará das oportunidades. Não apenas no mercado de trabalho, mas em todas as esferas de sua vida", acrescenta.
Negras em cargos de chefia
A pesquisa revelou que 27,4% das empresas entrevistadas não possuem mulheres em cargo de chefia e 32,3% das empresas contam com até 10% de mulheres no comando. A pesquisa ainda mostra que em 48,4% das empresas entrevistadas as mulheres ganham menos que os homens. Apenas em 3,2% das empresas as mulheres ganham mais que os homens e em 19,4% das empresas as mulheres ganham igual aos homens.
"Os resultados obtidos na pesquisa, alinhados a discrepância salarial, sinalizam que na realização da mesma atividade, a valorização é distinta, ou seja, o trabalho realizado com a mesma capacidade técnica, entre brancos e negros, recebe valorização distinta, podemos avaliar que as mulheres negras são também subtraídas duplamente das empresas na relação de venda da força de trabalho. A luta antirracista é perene, necessitando ser incansável, visando a igualdade de oportunidades, independente de gênero, raça e orientação sexual", diz Fábio.
Consciência Negra na categoria bancária
"Neste mês de novembro, mais que em todos os outros, esse tema será destaque em diversos debates que promoveremos no Sindicato, pois sabemos que as desigualdades de gênero e raça são estruturantes de desigualdades que queremos romper no mercado de trabalho e que entender as causas dessas desigualdades é um primeiro passo para combatê-las. Por isso, convidamos todos e todas a acompanhar as publicações do Sindicato sobre o Mês da Consciência Negra , debater o tema conosco, deixar sua sugestão ou questão para que juntos construamos uma sociedade livre de racismo", completa Ivone Silva, presidenta do Sindicato.