MP 881 atende interesses da economia ortodoxa
A Medida Provisória 881, que teve o texto base aprovado nesta semana pela Câmara dos Deputados, atende os interesses da economia ortodoxa, na qual a lógica é que o dinamismo econômico é puxado pelo lado da oferta. Essa é a opinião da presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Editada com a finalidade de reduzir a burocracia e limitar o poder de regulação do Estado sobre as empresas, a “MP da Exploração” avança sobre as leis do trabalho, transformando-a numa espécie de minirreforma trabalhista.
Juvandia explica que a ideia desse tipo de economia é “facilitar” a vida dos produtores para que eles aumentem a sua produção e assim gerem crescimento econômico. “Dentre as questões propostas nessa lógica para facilitar a vida do produtor estão a desburocratização e a redução de custos, com impostos e encargos.”
Portanto, para eles, quando você cria uma lei que facilita a abertura da empresa aos sábados e domingos, por exemplo, ou que reduz o custo da força de trabalho, isso por si só vai animar o empresariado a investir mais e gerar crescimento e emprego. “É a mesma lógica que foi utilizada na Reforma Trabalhista. Na época, o Henrique Meirelles disse que a reforma iria gerar seis milhões de empregos, como se apenas o fato de a força de trabalho estar mais barata fosse animar os empresários a saírem contratando.”
A presidenta da Contraf-CUT, porém, aponta a visão econômica da classe trabalhadora. “Nós vemos a economia pelo lado da demanda. Ou seja, se não houver demanda de nada adianta facilitar a oferta, pois os empresários não vão investir mais. Irão apenas aumentar a margem de lucro aumentando as desigualdades. Seria necessário, portanto criar programas ou projetos para gerar emprego, aumentar a massa salarial e, a partir daí, aumentar a demanda da economia. Só então esse processo iria animar os empresários a investirem mais.” Juvandia garante que “da mesma maneira que ocorreu com a previsão de geração de empregos pós reforma trabalhista, que na prática não gerou nenhum, essa nova previsão dessa minirreforma também vai ser frustrada. No caso dos bancos vai gerar mais adoecimentos, aumentar a sobrecarga e diminuir a qualidade de vida dos bancários”, acrescentou a presidenta. “Vamos pautar o debate na mesa de negociação com os bancos.”