Mesa de negociação com Caixa tem poucos avanços no tema igualdade de oportunidade e as cláusulas sociais
Igualdade de oportunidade e cláusulas sociais foram os temas da terceira reunião da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) com a Caixa Econômica Federal, nesta segunda-feira (17), por videoconferência. No encontro, que faz parte da agenda da Campanha Nacional 2020, os representantes dos empregados cobraram menores taxas para os empréstimos, créditos, a continuação da isenção de tarifas, o respeito à jornada, manutenção da PLR Social e ações mais efetivas para as pessoas com deficiência (PcD). A CEE reforçou a pauta de manter as cláusulas sociais, e no que se aplicar, extensiva aos aposentados. A Caixa não trouxe propostas sobre o tema.
Segundo a Caixa, cerca de 44% dos empregados do banco público são mulheres, pouco mais de 37 mil trabalhadoras. Os representantes dos empregados destacaram a necessidade de as ações serem construídas em conjunto com o movimento sindical, que têm acesso direto ao que acontece com as bancárias no dia a dia. A Caixa apresentou as ações que tem feito para reduzir a desigualdade dentro da empresa, como o incentivo à liderança das mulheres e implementações de ações de combate à violência contra a mulher. A comissão dos trabalhadores reforçou que essas medidas tenham a participação do movimento sindical uma vez que é uma pauta de luta.
“As ações são muito importantes para nós mulheres. A reivindicação é que as mulheres possam ocupar todos os espaços. Reforçamos que seria importante a participação do movimento sindical nessa construção. Lembramos também que em governos passados é que esse assunto veio à tona. Também cobramos o canal de denúncias para as empregadas fruto do aditivo que a Caixa assinou junto à Contraf-CUT”, avaliou coordenadora da CEE/Caixa e secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fabiana Uehara Proscholdt.
Ainda no tema igualdade de oportunidades, a Comissão reforçou as demandas que estão na minuta para PcDs. De acordo com Fabiana, muitos trabalhadores ainda sofrem discriminação ou não tem todas as condições necessárias para desempenhar suas atividades nas áreas em que foram colocados. Atualmente, são 3.464 trabalhadores PcDs na Caixa, 1.800 deles contratados em 2019 graças à ação judicial das entidades que obrigou a contratação.
A Caixa apresentou dados do projeto Banco da Inclusão, que resultou ações como a adaptação da softwares e mapeamentos dos empregados PcDs, por exemplo. “A pauta que colocamos na minuta foi feita em cima da construção dos colegas. Se a Caixa tem projetos, faz a construção, isso não está chegando para os colegas PcDs. Há muitas reclamações de que não há equipe que faz acompanhamento, não existe debates sobre as necessidades dos trabalhadores e eles sentem muita discriminação no espaço em que foram colocados. A Caixa precisa fazer mais do que está fazendo hoje pelos colegas PcDs”, afirmou Fabiana. O banco reconheceu que precisa avançar nessa pauta em especial na comunicação chegar para todos os empregados.
Assuntos como racismo e homofobia foram deixados de lado pela Caixa. “Estamos em uma mesa de negociação e precisamos ser objetivos. Falta na apresentação de igualdade e oportunidade dois itens importantes: racismo e homofobia. Precisamos debater esses dois temas dentro da Caixa. A maioria dos clientes são negros e precisamos ter esse debate não apenas para dentro da empresa, mas para construir uma empatia desses companheiros com o enfrentamento ao racismo”, ressaltou Emanoel Souza de Jesus (FEEB-BA/SE).
A CEE destacou ainda a demora da Caixa ao aderir ao censo da diversidade, e que a adesão às respostas foi baixa. O banco não informou se houve comunicação para evitar a baixa adesão.
Metas
Outra cobrança importante feita pela Comissão foi que a Caixa deixe de cobrar as metas enquanto perdurar a pandemia. Mesmo com a contaminação crescente no país, a Caixa ainda está cobrando metas dos empregados. “Todos estão exaustos. Os trabalhadores precisam de respostas”, afirmou a coordenadora da Comissão.
Saúde Caixa e PLR
Uma nova reunião foi marcada para o dia 19/08 para tratar do Saúde Caixa. A demanda foi cobrada na última reunião. Outro item importante cobrado foi a manutenção da PLR Social nos moldes atuais.
A Caixa alegou dificuldades com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) para manter a PLR no formato conquistado e mantido pelos empregados nos últimos anos. O banco afirmou que deve trabalhar para trazer propostas aos empregados sobre os dois temas.
Higienização
A Comissão voltou a cobrar a limpeza completa e efetiva das unidades em casos de contágio ou suspeita da Covid-19. A aplicação do protocolo não tem sido feita de forma homogênea em todas as unidades, o que mostra que a comunicação institucional da Caixa não chega às chefias.
Avanços das reivindicações
As negociações têm resultado em melhorias para os empregados. Para todos os avanços, a Caixa se comprometeu a comunicar amplamente para todos os empregados.
Jornada de trabalho: a Caixa atendeu nossa reivindicação e reduziu em uma hora o horário de atendimento das agências.
Rodízio: O rodízio está mantido e não há nenhuma diretriz para que acabe. O banco reconheceu que esse sistema é essencial para a proteção da saúde dos empregados. A Caixa também informou que os SEVs têm autonomia de realocar os empregados entre as unidades para garantir o rodízio, e serão orientados a atuar neste sentido.
Vigilantes e Recepcionistas: O contrato com os vigilantes foi ampliado. 2.270 vigilantes estão à disposição das unidades. Outras 373 recepcionistas estão também no quadro.
A Caixa respondeu que não pode intervir junto aos terceirizados, mas tem conversado com as empresas para que estas façam as devidas ações de proteção bem como o serviço permaneça sendo prestado.