Coronavírus: bancos devem ter responsabilidade e seguir procedimentos da Vigilância Sanitária
Após a confirmação do primeiro caso de infecção pelo coronavírus no Brasil (um homem de 61 anos, morador de São Paulo - até as 18h desta quinta-feira 27, já se somavam 85 casos suspeitos no estado de São Paulo -, que voltou de viagem da Lombardia, na Itália, no sábado 22), os bancos devem seguir procedimentos recomendados pela Vigilância Sanitária. Para Carlos Damarindo, secretário de Saúde do Sindicato, a principal preocupação ocorre em locais com grande concentração de bancários.
“Será que o Brasil, com a PEC do teto dos gastos e o sucateamento do SUS nos últimos anos, está preparado para o enfrentamento do coronavírus? Nós temos, aqui na base do Sindicato, prédios com 10 mil, 12 mil trabalhadores. É fundamental que os bancos; por meio do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), que é um grupo de profissionais da área da saúde que atua dentro das empresas; sigam as recomendações da Vigilância Sanitária e tenham responsabilidade e sensibilidade no intuito de preservar os bancários, principalmente nesses locais de grande concentração de trabalhadores”, salienta o dirigente.
Damarindo lembra que a diminuição de recursos públicos do governo para a área da saúde estabelecida pela PEC é sentida pela população desde o governo Temer, principalmente em ocasiões de surtos de doenças, como o da febre amarela, em 2018, e do sarampo, no ano passado. Agora, com o governo Bolsonaro, mesmo com a capacidade técnica e estruturas hospitalares em São Paulo, há menos médicos, investimentos em estrutura e um governo cujo ministro da Saúde chegou a minimizar o surto mundial do coronavírus.
Além disso, notícia divulgada esta semana mostra que em 2019 a saúde deixou de receber R$ 9 bilhões do governo federal, segundo o Relatório Resumido da Execução Orçamentária, da Secretaria do Tesouro Nacional. “Tivemos os médicos cubanos deixando o país, em especial as periferias e os rincões, após a eleição e as ameaças de Jair Bolsonaro. E temos, desde o governo Temer, o congelamento dos gastos em saúde por 20 anos, segundo determina a PEC do fim do mundo, o que impacta diretamente na saúde pública e será sentido em maior escala agora com a chegada do coronavírus ao Brasil. Além disso, temos muito alarde, oportunismo e sacanagem. Em algumas drogarias da região central de São Paulo, a população não encontra mais máscaras de proteção. Estão nos estoques, para encarecerem com a alta demanda”, acrescenta Carlos Damarindo.
O dirigente demonstra preocupação também com a precariedade do transporte coletivo nas grandes cidades e regiões metropolitanas, como a Grande São Paulo, e a aglomeração de pessoas em períodos específicos do dia utilizando esses modais. Além disso, cita o aumento da população em situação de rua e a falta de acolhida dessas pessoas em casos de uma epidemia. “Ao mesmo tempo em que São Paulo tem um protocolo de ação respeitável para epidemias como esta, temos um aumento do desemprego e da miséria no país, com falta de políticas públicas principalmente para os mais pobres e a população de rua. E isso é preocupante. Para onde vão essas pessoas em caso de uma epidemia? Há lugares para o isolamento?”, indaga.
A priori, a conduta para evitar a contaminação, segundo matéria da Rede Brasil Atual, é a indicada desde o início da epidemia na China e bastante semelhante à de casos da gripe comum: lavar as mãos com frequência, evitar colocar a mão na boca, nos olhos ou coçar o nariz e tossir ou espirrar tapando o rosto com a parte interna do cotovelo e não com as mãos. As pessoas que apresentam maior risco são os grupos que também devem se prevenir de gripes e resfriados, como idosos, gestantes, pessoas transplantadas ou com câncer, diz a reportagem.
Precauções na Itália
Nas regiões mais afetadas da Itália, de onde veio o primeiro brasileiro infectado com o coronavírus, foram tomadas medidas como suspensão das aulas, proibição de eventos públicos ou privados como shows cinemas e teatros. Cidinha Antero, bancária do BB e doutoranda em educação na Universidade de Verona, relata que 11 cidades estão em quarentena. “Mas, às vezes, pessoas também são colocadas em quarentena. Nos hospitais existe grande preocupação com os profissionais da saúde, que lidam com os doentes e têm grande chance de contágio. Aqui, a OMS está acompanhando as medidas governamentais italianas, que têm sido elogiadas. E penso que também deve ser assim no Brasil. O problema é que o governo Bolsonaro não respeita essas entidades internacionais e isso é preocupante”, salienta.
Segundo Cidinha, o governo central italiano e os governos regionais daquele país tomaram decisões rápidas após a chegada do coronavírus. “É importante esclarecer que o vírus não tem uma letalidade alta. O problema é que é um vírus novo, o qual não existe ainda anticorpos e nem vacinas. Aqui na Itália as pessoas que morreram foram idosos com doenças pré-existentes”, finaliza.