Coordenador da CEEB condena distribuição exagerada de lucro do BB a especuladores
O Banco do Brasil cobra as mais altas taxas de juros no crédito rotativo do cartão de crédito entre os cinco maiores bancos do sistema financeiro do país. Nesse grupo, o BB também cobra a segunda maior taxa de juros do financiamento imobiliário, as maiores taxas para financiamento de capital de giro para pessoas jurídicas, a terceira maior taxa para operação de crédito consignado do INSS e de crédito pessoal. Esses dados, disponíveis no site do Banco Central, foram divulgados no artigo do coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga, publicado no site do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.
“O BB, como banco público, poderia e deveria fornecer crédito mais barato e contribuir para reduzir o spread bancário. Mas atualmente a direção do BB faz o contrário”, pontua Fukunaga, lembrando que nem sempre foi assim. “O BB foi o grande responsável por tornar o Brasil um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Foi pioneiro a levar crédito e serviços bancários a todas as regiões nacionais, inclusive às comunidades periféricas e pequenos centros urbanos, dinamizando a economia local e contribuindo decisivamente para a geração de emprego e renda. O atual governo, no entanto, não tem medido esforços para esvaziar o papel do BB em suas missões de empresa pública e o transforma em um banco privado qualquer”, arremata.
O lucro líquido trimestral ajustado da empresa, anunciado recentemente, mostra um crescimento de 50% em relação ao ano anterior, contribuindo para que o BB continue sendo o banco mais lucrativo do sistema financeiro nacional. “Este resultado fez brilhar os olhos dos investidores privados, que já fazem as contas dos gordos dividendos que receberão em seguida. A metade das ações do BB está nas mãos de investidores privados, nacionais e estrangeiros. O atual governo prefere descapitalizar as empresas públicas e comprometer a sua capacidade de investimentos para descaradamente favorecer o capital financeiro com a distribuição de lucros astronômicos”, alerta Fukunaga, pontuando também que entre os principais fatores que contribuíram para lucro elevado da empresa estão o “crescimento de 11% nas receitas de prestação de serviços e ao incremento de 16,7% na margem financeira bruta”. Ou seja, o BB “aumentou a diferença entre as taxas cobradas dos clientes e a remuneração paga aos investidores”.
O coordenador da CEBB lembra ainda que os bancos brasileiros cobram as taxas de juros mais altas do mundo. “Desta maneira, se apropriam de grande parte do resultado gerado por empresas, empreendedores, agricultores e da população em geral. São alguns dos mais potentes e radicais agentes da concentração de renda nas mãos de poucos, responsáveis pelo aprofundamento da desigualdade social que tanto mal faz à maioria da população brasileira”, observa.
Ele destaca ainda que, a direção do BB, nos últimos anos, que foi “povoada de dirigentes indicados por familiares e amigos do atual Presidente da República derrotado nas eleições de outubro, não tem cumprido as suas funções de banco público”. E que os resultados astronômicos, que faz a empresa desviar do seu papel desenvolvimentista, são conquistados “em benefício do capital especulativo privado, à custa do sacrifício de seus funcionários assediados diariamente para ultrapassar metas abusivas e à custa de sugar recursos da população brasileira a quem deveria servir.”
A perspectiva é que, com a mudança de governo no Planalto, ocorra também uma mudança na gestão do BB, para que volte a se comportar como um banco público e aliado do desenvolvimento nacional. “A maioria do eleitorado brasileiro escolheu um novo governo que esteja voltado para favorecer os interesses da maioria da população, rechaçando este que vem trabalhando em prol de uma pequena minoria de privilegiados”, conclui.