Contraf-CUT reivindica representante do movimento sindical no Comitê de crise da Caixa
Desde a semana passada, o Comando Nacional dos Bancários tem cobrado diretamente da a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), o Banco Central e as direções dos bancos, medidas para proteger a saúde de bancários e clientes durante a pandemia de coronavírus. Parte das cobranças foram atendidas pela Caixa, mas ainda são insuficientes.
Por isso, na noite desta quinta-feira (19), a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), através da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal –(CEE/Caixa), enviou um ofício à direção do banco para reivindicar a participação de um representante do movimento sindical no comitê de crise que acompanha essas medidas preventivas frente à pandemia do Coronavírus (COVID -19). O objetivo é contribuir para maior efetividade e com foco direcionado à atenção às empregadas e aos empregados, bem como aos clientes e aos usuários da Caixa.
O pedido foi motivado pelo volume expressivo de queixas das empregadas e dos empregados da Caixa quanto às deficiências na implementação dessas medidas preventivas. As denúncias dão conta do não atendimento pleno das medidas preventivas negociadas. Há casos de empregados que se enquadram nos grupos de risco ao contágio e que continuam no exercício de sua função no mesmo ambiente, dentre outros casos relatos igualmente graves.
“Há de se destacar que determinadas decisões sobre a prevenção ao COVID-19, veiculadas em comunicações internas, estão sendo atribuídas aos gestores das unidades, mesmo a compra de álcool em gel e material de limpeza, o que deveria ser operado por área própria e com mais eficiência”, afirmou o coordenador da CEE, Dionísio Reis.
Para agravar a situação, o coordenador classifica como irresponsável o anúncio do Ministério da Economia, de medidas que levaram a uma verdadeira corrida às agências, um maior fluxo de circulação de pessoas nas dependências da rede de atendimento foi gerado, o que justifica as necessárias ações preventivas à pandemia de COVID-19.
“Nesse período, reconhecidamente de tensão e de redução de operações, é descabida a cobrança de resultados por metas dos empregados, fato esse, que dever cessado junto às superintendências regionais do banco”, completou.
Grupo de risco
Depois da cobrança do movimento sindical, a Caixa determinou que empregados do grupo de risco devem se afastar do trabalho. Não é mais uma decisão da chefia.
“O fato da decisão não ficar nas mãos do gestor é um avanço, uma vez que protege o trabalhador do grupo de risco e também o gestor, que não fica com uma decisão de tamanha importância e responsabilidade nas suas costas. Porém, vemos como um bloqueio muito grave para a proteção dos trabalhadores em grupo de risco a exigência de relatório médico, uma vez que essa exigência pode fazer com que ele vá até unidades de saúde e acabe por se contaminar. Cobramos que a Caixa aceite uma autodeclaração do empregado com prazo de 30 dias para comprovação médica”, diz Dionísio.
Casos confirmados e suspeitos
Em caso de suspeita ou confirmação por coronavírus, com atestado [B 34.2 e B 97.2], aciona-se o protocolo. Antes da cobrança, o protocolo era acionado apenas em casos de confirmação. Então, com o exame ficando pronto entre 4 e 7 dias, o tempo de exposição de bancários e clientes ao vírus era maior.
O protocolo para casos suspeitos e confirmados determina: afastamento imediato do empregado; notificação da área de pessoas e superior hierárquico, avaliando as providências necessárias para fechamento da unidade e direcionamento da equipe para projeto remoto; comunicar a equipe; quarentena inicial de 5 dias, podendo se estender para 14 dias,; liberação de toda a equipe para projeto remoto; utilização de notebook Caixa ou, se o empregado não possuir, é permitido uso de equipamento pessoal; agendamento com a logística da higienização da unidade.
Já para os casos em que empregados possuam sintomas, mas sem atestado, fica determinado: afastar ou priorizar no projeto remoto empregados gripados, tossindo, com coriza, febre ou dor de garganta, juntamente com o grupo de risco.
Licença prêmio
A direção da Caixa também liberou a utilização da licença-prêmio, além da APIP e antecipação de férias, para afastamento de empregados.
Subnotificação
Parte dos empregados que procuraram o médico foram diagnosticados clinicamente com coronavírus, mas no atestado é informada crise respiratória grave, encaminhando o trabalhador para quarentena de 14 dias. O Sindicato cobra que nesses casos também sejam acionado o mesmo protocolo dos atestados B 34.2 e B 97.2, com fechamento e higienização da agência; todos os empregados em quarentena mínima de 5 dias, extensiva por mais 14 dias; e a agência só pode abrir com outra equipe.
“Nesses casos de suspeita, o protocolo só está sendo adotado quando o Sindicato vai até a agência, mas é necessário que seja estabelecido como procedimento padrão”, avalia Dionísio.
Atingidos por medidas restritivas
O Comando Nacional também cobra da Caixa o afastamento de empregados atingidos por medidas restritivas como, por exemplo, pais e mães cuja a escola dos filhos está fechada.
Insumos
O coordenador da CEE/Caixa denuncia que, ao invés de centralizar a compra, a direção da Caixa colocou sob responsabilidade dos gestores a dotação para compra de insumos como, por exemplo, álcool gel. “A Caixa, enquanto uma empresa continental, deveria centralizar essa compra e providencias a distribuição, uma vez que existe grande dificuldade para encontrar estes produtos”, avalia.
Metas
Uma das principais cobranças é que a direção da Caixa suspenda as cobranças por metas durante a crise sanitária do coronavírus.
“Já tivemos denunciais de link de superintendente, de SEV, Dia D e planilha de cobrança de produtividade durante esse processo de enfrentamento ao coronavírus. Cobramos o fim da cobrança de metas nesse período de crise”, enfatiza Dionísio.
Contigenciamento
A Caixa divulgou que o acesso às agências será controlado, antecipando a abertura em uma hora de algumas unidades selecionadas para atendimento de clientes em grupo de risco. A agência só poderá ser ocupada até a metade dos assentos disponíveis, de forma que se mantenha pelo menos um metro de distância entre as pessoas. Empregados, utilizando máscaras e luvas, gerenciarão o fluxo de clientes ao lado de fora das agências, evitando aglomerações. A entrada na área de autoatendimento será limitada a um cliente por máquina.
“Os Sindicatos de todo o Brasil estão tomando todas as medidas no sentido de pressionar a Caixa, e os demais bancos, para que tomem todas as providências para proteção de clientes e bancários. Pedimos que os empregados nos mantenham informados e diante de qualquer dificuldade ou insegurança no local de trabalho entrem em contado contem conosco”, conclui Dionísio.
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