Comissão do Trabalho da Câmara solicitará ampliação de contratação na Caixa

A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (Ctasp) da Câmara aprovará uma moção de apoio à contratação de mais empregados para a Caixa e solicitará uma audiência do Colegiado com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) para discutir a necessidade de ampliar o limite previsto de contratação na empresa, limitado a 84.544 pessoas pela referida Secretaria. Estes foram os dois encaminhamentos feitos pela deputada Erika Kokay (PT-DF) na audiência pública realizada pela Comissão na última sexta-feira (6), que discutiu a recomposição do quadro de Pessoal da Caixa Econômica Federal (CEF) e o fortalecimento da instituição como banco genuinamente público.

As duas ações foram acertadas com o líder do governo na Comissão, deputado Sanderson (PSL-RS), que se manifestou favorável à recomposição de Pessoal na empresa e alertou que essa é uma dificuldade em vários setores do governo, a falta de efetivo, e se colocou à disposição para articular soluções para a carência de pessoal na Caixa.  “Ampliar o limite não significa a obrigatoriedade de contratar, mas dá uma autonomia para empresa planejar sua expansão, então com o apoio do líder do governo vamos fazer uma reunião para explicar isso à Sest”, salientou a deputada petista.

Sergio Takemoto, presidente da Federação das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), participou da audiência e comparou a proporção de empregados da Caixa com outras instituições financeiras para mostrar a urgência de recomposição do quadro de pessoal: “Para se ter uma ideia, enquanto a Caixa tem uma proporção de um empregado para 1.775 clientes, o BB tem 783 clientes por empregado, o  Itaú, 983 e o Bradesco 1.112, ou seja, os números mostram a necessidade de mais empregados”, ressaltou ele, ao lembrar que essa carência precariza o atendimento e submete os empregados a condições desumanas de trabalho.

Para Takemoto, apesar de dizer que valoriza e cuida da saúde dos empregados, o presidente da empresa, Pedro Guimarães, quer mudar a forma de custeio do Saúde Caixa, determinando o fim da paridade de 70% da empresa e 30% do empregado. “Como fizeram com os Correios e que levou mais de 100 mil trabalhadores a deixar o plano que tinham, e parece uma estratégia para possível privatização”, acrescentou.

A representante dos empregados no Conselho de Administração (CA) da Caixa, Rita Serrano, concorda e lembra que as contratações são urgentes e que o que está em jogo é o país que se quer, o tipo de Estado que precisamos: “Se o Estado e as empresas públicas são para servir a todos, os empregados concursados são a parte mais estável independente de quem esteja no governo, eles é que garantem o atendimento de qualidade”, afirmou ela.

O discurso distante da prática também foi criticado pela coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara, que também é secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT): “Enquanto viaja todo o país, elogiando o trabalho dos empregados, o presidente da Caixa estabelece metas desumanas em pleno atendimento do auxílio emergencial, tivemos até mesmo que entrar com ação de descumprimento do pagamento da PLR como previsto no acordo e agora, vemos o custeio do Saúde Caixa sendo atacado” lamentou.

Representando os mais de 20 mil aprovados no último concurso da Caixa (2014), Isabela Freitas Santana, se emocionou ao lembrar que há hoje uma carência de mais de 26 mil empregados na Caixa: “fomos aprovados em concurso de amplo acesso, estamos ansiosos para prestar um serviço ao país e integrar os quadros de uma empresa que é orgulho nacional, que faz parte da vida dos brasileiros”, afirmou.

Terceirizados 

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Asseio e Conservação do Distrito Federal, Maria Isabel Caetano, participou da audiência e denunciou que a atual direção da Caixa está contratando empresas terceirizadas que por sua vez estão contratando trabalhadores da base do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil (Sinduscon), que tem salários e direitos rebaixados. A representante da Caixa, Angélica Djenane Correa, diretora de logística e segurança, disse que a empresa buscou uma entidade que englobasse o maior número de trabalhadores em sua base, ao que a deputada Erika questionou: “estão fazendo economia com quem ganha R$ 1.770 por mês, que prestam serviço há mais de 15 anos na Caixa, reduzindo o tíquete em 439 reais, isso não é ético, para dizer o mínimo”, questionou a parlamentar.

Fonte: Fenae