Começa o Fórum da Uni Finanças para países de língua portuguesa
Começou nesta quarta-feira (29) e acontece até quinta (30) o 3º Fórum dos sindicatos da Uni Finanças no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O encontro, realizado por videoconferência, vai discutir o impacto da pandemia nas relações de trabalho e qual será a estratégia de ação sindical no pós-pandemia.
“Teremos a oportunidade de aprofundar o debate sobre a digitalização e o futuro do trabalho, o teletrabalho. A partir disso, teremos condições de reforçar nossos entendimentos e nos unirmos cada vez mais para fazer o enfrentamento que a conjuntura irá exigir. Temos de fazer a defesa dos direitos e estudar o trabalho em home office, que veio para ficar. O objetivo maior é sairmos desse fórum mais fortes e em condições de fazer negociações com os banqueiros para defender os trabalhadores e os direitos”, afirmou Juvandia Moreira.
A presidenta da Contraf-CUT ressaltou o momento em que vive o Brasil, com a pandemia contagiando cerca de 2,5 milhões e provocando mais de 88 mil mortes temos. “Temos um presidente que tem adotado uma necropolítica, um genocida que deixou as pessoas morrerem. Bolsonaro privilegiou a economia, mas foi uma economia burra porque a economia não existe sem as pessoas” disse Juvandia.
Trabalhadores essenciais
Na abertura do fórum, a presidenta da Uni Finanças, Rita Berlofa, lembrou que os trabalhadores do setor de finanças estão na linha de frente no enfrentamento da pandemia e que nem sempre são lembrados como trabalhadores essenciais. “Essa crise é mais grave do que a de 1929 e trará um empobrecimento a nível mundial. Reforça cada vez mais o papel dos sindicatos. Começamos com um trabalho fundamental, negociando protocolos que trouxessem medidas protetivas para a vida de todos trabalhadores e clientes. Essa crise, além de tudo, revelou que não existe nenhuma tecnologia de ponta que pudesse substituir o bancário de carne e osso para atender a população”, afirmou a presidenta da Uni Finanças.
Aníbal Borges, presidente do Sindicato dos Bancários de Cabo Verde e coordenador-adjunto da Uni Finanças no âmbito da CPLP, lembrou que o fórum era para ter sido realizado em maio em seu país, mas por causa da pandemia teve de ser feito virtualmente. “Ao longo desse encontro, vamos discutir temas importantíssimos, que podem ser banais para alguns, mas para Cabo Verde e outros países da África são temas importantes, Porque ainda não havia esse impacto na sociedade africana. Esse será o futuro do mundo laboral. Se já tínhamos um horizonte um pouco preocupante, com a pandemia a situação tornou muito mais preocupante”, observou.
Negociações globais
O secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Roberto Von der Osten, também destacou a complexidade do momento atual com a pandemia. “O mundo de hoje não é um mundo fácil para o trabalhador. Temos de lutar por contratos coletivos que darão segurança aos trabalhadores neste novo mundo. Nessas condições que a negociações coletivas têm importância. Devemos encorajar negociações globais com empresas multinacionais para garantir os direitos dos trabalhadores e introduzir o conceito de diálogo social em todos os países. O novo normal não nos derrotou. Estamos fazendo um acumula para uma nova luta.” disse Von der Osten.
Para o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, a mudança de fronteira pouco altera o cenário financeiro, o que coloca para bancários de todo o mundo as mesmas questões. “Aqui no Brasil, tivemos um enfrentamento muito grave em termos de pandemia. A pandemia acelerou, fez com que nós do movimento sindical pleiteássemos a aceleração desse processo de teletrabalho porque a vida das pessoas estava em primeiro plano. Também fizemos uma conferência, dia 18, um congresso inovador e aprovamos a reivindicação de que seja regulamentado em acordo coletivo esta modalidade de trabalho. Colocamos algo inédito que a a filiação ao sindicato possa se dar de forma eletrônica”, destacou Gustavo Tabatinga
Situação nos países
No primeiro dia do fórum, foram feitos informes sobe a situação do movimento sindical nos países de língua portuguesa, em especial na categoria bancária e sobre a implementação do teletrabalho. Para contribuir para o debate, também fizeram exposições sobre o tema da digitalização e do teletrabalho Vivian Machado e Barbara Valejos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), da Linha Bancários da Contraf-CUT.
Cristina Trony, do Sindicato dos Bancários da Região Sul e Ilhas de Portugal, revelou que em seu país os bancos que pensavam em abrir novas agencias suspenderam as novas contratações e até mesmo pensam em fechar postos de trabalho. “O desafio é que na negociação coletiva vamos implementar o teletrabalho, para não haver mais abusos, esse trabalho que nunca mais acaba fora da hora. Essa questão do teletrabalho tem que estar na mesa de negociações”, disse.