Começa em BH o V Fórum pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro
Dirigentes sindicais de todo o Brasil participam nesta quinta-feira (28), em Belo Horizonte, do V Fórum pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro. O evento busca promover e ampliar o conhecimento sobre a temática racial nas suas várias dimensões – com foco na formação das lideranças.
Durante a mesa de abertura do evento o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, reforçou a importância da identificação da presença de bancários negros e mulheres no Sistema Financeiro. “A discriminação é abominável, principalmente quando ela se dá em função da cor da pele. Esse debate deve ser feito todos os dias. Por isso é importante a formação de nossos dirigentes. Precisamos todos os dias retrucar e rebater. Não podemos ficar na defensiva. A luta pelo preconceito não vai se dar apenas pelo diálogo”.
A presidenta da Fetrafi-MG, Magaly Fagundes, afirmou que é uma grande honra para o estado de Minas Gerais sediar a atividade. Ela lembrou que mesmo com as conquistas asseguradas durante os governos do ex-presidente Lula e da ex-presidenta Dilma, as oportunidades para homens e mulheres negras ainda é pequena. “As lutas que temos para travar são diárias. Os ataques aos negros e às mulheres estão cada vez mais brutais. Temos que fazer o debate sobre o baixíssimo índice de contratação de negros e negras nos bancos – que só não é menor em função dos concursos públicos”, afirmou.
Ao todo 49 dirigentes sindicais de todo o país participam dos debates do Fórum, que prosseguem até amanhã (29). Para o secretário da Federação dos/as Trabalhadores/as em Empresas de Crédito do Paraná, (Fetec-PR), apesar dos avanços nas pautas e negociações, a estrutura do racismo desempenha um papel de desigualdade. “É a estrutura que impede o crescimento da presença de negros e é ela que precisa ser combatida. Nossa tarefa é justamente lutar contra a estrutura que estamos vivenciando hoje”.
A diretora de políticas sociais da Fetec-SP, Maria de Lourdes (Malu) Silva abordou a grande responsabilidade que homens e mulheres não pretos têm na luta contra o racismo, o machismo e a homofobia. “Coloco-me como aliada nessa luta contra o racismo. Temos a responsabilidade de construir um Brasil diferente”.
Segundo a secretária de políticas sociais da Fetraf-RJ/ES, Adilma Nunes, o racismo se constrói no campo ideológico onde um sujeito coloca o outro em posição inferior, apenas pela cor de sua pele. “O sujeito não se constrói pelo seu fenótipo, mas pela sua construção subjetiva. Cada vez mais precisamos nos reunir e nos movimentar para resinificar os espaços que a nossa sociedade ocupa e nossos próprios sentimentos”.
A presidenta do sindicato dos Bancários de BH e Região, Eliana Brasil, enfatizou que a questão da intolerância em nossa sociedade não se dá apenas pela questão da cor, mas também em relação gênero. Ela falou da consolidação da intolerância, do preconceito e da violência, após a eleição presidencial de 2018. “Devemos começar a ser mais tolerantes entre nós mesmos. Precisamos começar a olhar para algumas posturas e “brincadeiras” que fazemos dentro de nossas instituições e entidades. Este é um fórum de aprendizado”.
Para a diretora de programas Brasil Paraguai, da AFL-CIO, Jana Silverman, as mesas e discussões do fórum devem ser amplificadas para toda a sociedade e não apenas para a categoria bancária. “Estamos vivendo o pior momento de extermínio do povo negro desde a época da escravidão. Nosso desafio é lutar em aliança para preservar a vida do povo negro e periférico”.
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