Com desmonte da saúde pública, mortalidade materna volta a crescer
Após ter descumprido o acordo internacional para a redução de 75% das mortes maternas até 2015, o Brasil voltou a registrar aumento desse índice em 2016, quando o número de mulheres que perderam a vida foi de 1.829, segundo dados consolidados pelo Ministério da Saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta ainda que, cinco mulheres morrem por dia no país em decorrência de complicações na gestação.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
Em 2016, a taxa de óbitos maternos subiu para 64,4 por 100 mil nascidos vivos, contra o índice de 62, registrado no ano anterior, que também revela um contraste entre as regiões brasileiras. Enquanto o sul e o sudeste têm os menores índices com 44,2 e 55,8 respectivamente, as regiões norte e nordeste concentram 84,5 e 78 dos indicativos de mortalidade.
À repórter Nahama Nunes, da Rádio Brasil Atual, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha apontou a desigualdade no acesso aos serviços públicos de saúde, enfrentado principalmente pelas mulheres negras, e as complicações em decorrência de abortos clandestinos como os dois fatores que ajudam a explicar o crescimento dos óbitos maternos.
Segundo Padilha, se apenas as taxas das mulheres brancas fossem analisadas, o Brasil teria alcançado o objetivo do acordo internacional em reduzir a mortalidade para 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos.
“Nós temos uma ação muito concreta do governo Temer e do Congresso Nacional que causa um aumento na mortalidade materna e, posteriormente, na mortalidade infantil, que foi a queda da cobertura internacional”, critica o ex-ministro, em referência aos cortes em programas sociais. Ele cita a estrutura de atenção básica da saúde pública, que vem sendo desmontada desde o golpe do impeachment.
A expectativa de redução da mortalidade foi repassada para 2030. Se antes o plano era chegar àquele ano com 20 mortes por 100 mil nascidos vivos, em novo acordo assinado a meta é chegar a 30 mortes por 100 mil.