BNDES ataca organização dos trabalhadores
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou durante a segunda reunião de negociações com a Comissão de Negociações dos empregados, ocorrida nesta quarta-feira (26), propostas que atacam o direito da livre organização dos trabalhadores, segundo o vice-presidente e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, Vinícius de Assumpção. Além disso, o banco se nega a assinar um acordo por dois anos.
O vice-presidente da Contraf-CUT disse que o banco fez uma série de ataques ao Acordo Coletivo de Trabalho, principalmente às cláusulas de organização sindical e, especificamente, com relação às associações de funcionários. São propostas de retirada do direito de liberação de dirigentes, do desconto das mensalidades dos associados em folha e até do direito de reunião de organização de funcionários e o uso do auditório do banco pelas associações. O banco também não quer reconhecer os delegados sindicais.
“As propostas apresentadas pela comissão de negociações do banco se configuram com um ataque brutal às organizações dos bancários no país. Não temos notícias de uma ofensiva tão intensa à nossa organização”, disse Vinícius. “As associações fazem parte de nossa estrutura nacional de organização sindical. Ao tirar o direito de representação das associações é o movimento sindical como um todo que está sendo atacado”, completou ao observar que dos cerca de 2.600 funcionários que compõem o quadro de trabalho do sistema BNDES (o banco, a Finame e o BNDESPAR), cerca de 2.000 fazem parte das associações de funcionários.
“As associações são extremamente importantes para a organização sindical, dada à representação e legitimidade que elas possuem”, afirmou o vice-presidente da Contraf-CUT. “A última assembleia contou com a participação de 1.993 associados, que é quase 100% dos associados e cerca de 77% de todos os funcionários”, observou. “Talvez seja exatamente por isso que o banco está atacando as associações”, concluiu.
Vinícius disse, ainda, que o banco propôs a retirada do ACT ao direito à informação aos dados relativos a emprego, cargos e salários e informações inerentes ao cotidiano do trabalhador, que contribuem para organização sindical.
“Essa falta de democracia e de transparência é significativa. Demonstra a cara da gestão que temos no banco e na Presidência da República”, criticou.
Outras cláusulas em discussão
Além das cláusulas sindicais e associativas, a reunião desta quarta-feira tratou sobre cláusulas de saúde, previdência e gerais.
O banco quer retirar do Acordo Coletivo de Trabalho questões relacionadas às alterações no plano de saúde e no estatuto da Fundação de Assistência e Previdência Social (Fapes) do BNDES, limitando o poder dos trabalhadores.
Calendário de negociações
Estão previstas reuniões para esta quinta e sexta-feira. O banco propôs discutir nesta quinta as cláusulas econômicas e assistenciais. E na sexta as cláusulas institucionais e garantia de direitos. Os trabalhadores propuseram a inversão das pautas. O banco vai dar a resposta aos trabalhadores ainda nesta quarta-feira.