Agência da Caixa muda nome para resgatar história da comunidade negra
Um importante passo foi dado, no dia 13 de junho, na luta pelo reconhecimento histórico da importância cultural da comunidade negra na região do Cais do Valongo, no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. A antiga agência Barão de Tefé, da Caixa Econômica Federal, passou a se chamar Pequena África.
"Não se trata apenas de uma mudança do nome da agência, mas da substituição do nome de um escravocrata por um nome que valoriza a cultura da população local”, avaliou o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, se referindo aos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, localizados na região central da cidade, onde fica o Cais do Valongo (zona portuária). A região possui uma expressiva presença de negros e negras, originários de comunidades quilombolas e da população escravizada alforriada, que continuou trabalhando na região, mesmo após o comércio de negros escravizados ter se tornado ilegal no Brasil, em 1831.
“Nossa luta sindical vai além das pautas corporativas. Incorporam lutas sociais de todo movimento social”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro (Seeb/Rio), José Ferreira, que é empregado da Caixa, ao lembrar que a agência fica bem próxima do local onde era o Cais do Valongo, onde eram recebidos os negros escravizados vindos da África. “Não apenas para o sindicato, mas para o movimento social de forma geral e para o movimento negro, especificamente, é o reconhecimento desta história, que tentaram esconder por muito tempo. Aliás, assim como acontece com a história, os negros também são invisibilizados nos bancos. Quando conseguem o emprego bancário, não raramente são colocados para desempenhar funções que não precisam ter contato com o público. A luta pela visibilidade e reconhecimento é uma luta do movimento negro e também é uma luta nossa, como sindicato cidadão”, completou o presidente do Seeb/Rio.